A new tool for assessing national trends – 392 p.
Hazel Henderson, Jon Lickerman, Patrice Flynn (Eds.), Calvert Group , Bethesda, USA, 2000, 0-9676891-0-4
Trata-se aqui de um estudo metodológico aprofundado sobre como a sociedade se organiza para estar informada sobre o seu próprio progresso. Na metodologia do Banco Mundial, tal como a encontramos nos relatórios anuais, o essencial é o Pib per capita, ou seja, a renda. Esta é sem dúvida muito importante, mas não suficiente.
Com o início de publicação do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, www.undp.org/hdro, em 1990, a visão foi ampliada, e passamos a incluir dados da saúde e da educação. O IDH, indicador do desenvolvimento humano, foi um imenso progresso, porque além de ampliar a visão, colocou a qualidade de vida do cidadão no centro do processo estatístico: não adianta a economia ir bem, se as pessoas vão mal. O objetivo são as pessoas, e não a economia.
Com o trabalho de hazel Henderson e dos seus colaboradores, o leque se amplia. Estudando concretamente a situação dos Estados Unidos, a equipe foi reordenando as informações estatísticas e qualitativas, de maneira a apresentar para o país um retrato da sua própria situação. As áreas avaliadas nesta metodologia são 12: educação, emprego, energia, meio ambiente, saúde, direitos humanos, renda, infraestrutura, segurança nacional, segurança púiblica, lazer e habitação.
Numa era em que a visão do progresso foi absurdamente reduzida ao que pode ser medido em dinheiro, este enfoque é de primeira importância: passa-se a avaliar as atividades públicas e privadas, segundo o impacto real em termos de melhoria de qualidade de vida do cidadão.
A metodologia está sendo debatida no Brasil no quadro do Instiuto Ethos (www.ethos.org.br), do Projeto Milênio ([email protected]) e outras organizações que entenderam o quanto pode ser importante para a transformação social pensar a informação a serviço da cidadania. Os nossos jornais estão cheios de avaliações do “risco Brasil”, visão de especuladores. E o que é o “risco Brasil” do ponto de vista dos sem terra, das crianças, do cidadão comum?
O trabalho apresentado é de excelente qualidade, muito legível, além de traçar um retrato muito útil de uma “contabilidade cidadã” muito mais informativa do que as contas nacionais tradicionais.
Trata-se de um estudo dos Estados Unidos, e não é o caso aqui de copiarmos a metodologia. Mas não há dúvida que neste momento em que o Brasil procura reorientar a sua gestão em função de um melhor equilíbrio social e uma melhor qualidade de vida, qualquer proposta metodológica que nos evite reinventar a roda é bem-vinda. Criatividade para repensar a metodologia em função da situação concreta do Brasil é que não falta.
Ao ler os capítulos, fica-nos o saudável sentimento de que a economia finalmente está sendo puxada para o chão.