Como as revistas Nature, Cell e Science e suas similares estão prejudicando a ciência – janeiro – 2014, 2p.
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Como as revistas Nature, Cell e Science e suas similares estão prejudicando a ciência – janeiro – 2014, 2p.

Autor
Ladislau Dowbor
Tamanho
2 páginas
Originalmente publicado
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>>Randy Schekman é Premio  Nobel de Medicina 2013

Como as revistas Nature, Cell e Science e suas similares estão prejudicando a ciência

Traduzido por Thiago Forli Catanoso

Os incentivos oferecidos pelas principais revistas distorcem a ciência, assim como grandes bônus distorce o comercio bancário.

Por Randy Schekman

The Guardian – segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

 

Eu sou um cientista. O meu é um mundo profissional que alcança grandes coisas para a humanidade. Mas é desfigurado por incentivos inapropriados. As estruturas que prevalecem da reputação pessoal e avanço de carreira significam que as maiores recompensas sempre seguem os trabalhos mais exuberantes, e não os melhores. Aqueles de nós que seguem estes incentivos estão sendo totalmente racionais – eu mesmo os segui – mas nem sempre melhor servimos nossos interesses profissionais, deixado de lado aqueles da humanidade e sociedade.

Todos nós sabemos o que incentivos distorcidos fizeram à finanças e ao comércio bancário. Os incentivos que meus colegas encaram não são grandes bônus, mas as recompensas profissionais que acompanham a publicação em revistas e jornais de prestigio – principalmente Nature, Cell e Science.

Essas revistas luxuosas são supostamente o epitoma da qualidade, publicando somente o melhor da pesquisa. Como financiamento e painéis de nomeação sempre utilizam os locais de publicação como um filtro para qualidade de ciência, ao aparecer nestes títulos sempre levam a subsídios e cadeiras acadêmicas. Mas a reputação dos grandes jornais somente está parcialmente garantida. Enquanto eles publicam muitos papéis ilustres, eles não publicam somente papéis ilustres. Nem são os únicos publicadores de pesquisas ilustres.

Estes jornais agressivamente cuidam de suas marcas, em vias mais conducentes para vender assinaturas que a estimular a pesquisa mais importante. Como designers de moda que criam edições limitadas de carteiras e trajes, eles sabem que escassez direciona a demanda, então artificialmente restringem o número de trabalhos de pesquisa que aceitam publicar. As marcas exclusivas são então comercializadas com um artificio chamado “fator de impacto” – uma nota para cada revista, medindo o número de vezes que os trabalhos são citados por uma pesquisa subsequente. Melhores trabalhos, em teoria, são citados com mais frequência, então melhores revistas alcançam melhores pontuações. No entanto é uma medida profundamente falha, buscando o que se tornou um fim em si mesmo – e tão danosa à ciência como a cultura de bônus para o comercio bancário.

É comum, e encorajado por muitas revistas, as pesquisas serem julgadas pelo fator de impacto da revista que à publica. Mas como a pontuação da revista é uma média, diz pouco sobre qualidade ou qualquer pedaço individual de pesquisa. No mais, citação é algumas vezes, mas nem sempre, associado à qualidade. Um trabalho pode se torar altamente citado por causa de sua boa ciência – ou por ser atraente, provocante ou errado. Editores de revistas luxuosas sabem disso, então eles aceitam papeis que agitarão porque exploram assuntos sensuais ou fazem afirmações desafiadoras. Isto influencia a ciência que cientistas fazem. Isto constrói bolhas em campos na moda em que pesquisadores podem fazer afirmações ousadas que estes jornais querem, enquanto desencorajando outros trabalhos importantes, como estudos de replicação.

Em casos extremos, o chamariz de revistas luxuosas pode encorajar a “cortar os cantos”, e contribuir para o crescente número de trabalhos que são retratados como falhos ou fraudulentos. A revista Science sozinha retratou recentemente trabalhos de alto perfil reportando embriões de clones humanos, a ligação entre detritos e violência, e o perfil genético dos centenários. Talvez pior, ela não retratou afirmações que um micróbio é capaz de usar arsênico em seu DNA ao invés de fosforo, apesar de esmagador criticismo cientifico.

Existe um melhor caminho, através da nova safra de jornais e revistas de livre acesso que é aberto a qualquer um para ler, e não possuem assinaturas caras para sua promoção. Nascidas na internet, eles podem aceitar todos trabalhos que se enquadram nos padrões de qualidade, sem proteção artificial. Muitos são editados por cientistas na ativa, que podem avaliar o valos dos trabalhos sem se calcar por citações. Como sei pelo meu editor de eLife, um jornal de livre acesso fundado pela Wellcome Trust, o Instituto Médico Howard Hughes e a sociedade Max Planck, eles estão publicando ciência de classe mundial a cada semana.

Financiadoras e universidades também possuem um papel a desempenhar. Elas devem dizer aos comitês que decidem os subsídios e posições para não julgar os trabalhos por onde são publicados. É a qualidade da ciência que importa, e não a marca das revistas.

Acima de tudo, nós cientistas precisamos tomar parte. Como muitos pesquisadores de sucesso, eu publiquei em grandes revistas de marca, incluindo os trabalhos que me fizeram ganhar o prêmio Nobel de medicina, que estarei honrado em receber amanhã. Porém não mais. Eu agora me comprometi meu laboratório a evitar revistas luxuosas, e encorajar outros a fazer o mesmo.

Assim como Wall Street precisa quebrar a questão da cultura de bônus, que direciona tomada de risco que é racional para alguns indivíduos mas prejudicial ao sistema financeiro, também a ciência deve quebrar a tirania das revistas e jornais luxuosos. O resulta será melhores pesquisas que melhor servirão a ciência e a sociedade.

Fonte: https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/dec/09/how-journals-nature-science-cell-damage-science

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