Saiu uma excelente pesquisa mundial sobre o que acontece com o solo agrícola no planeta, com estudo de 17 países: Uneven Ground: Land Inequalities at the Heart of Unequal Societies.
Cerca de um terço da humanidade, 2,5 bilhões de pessoas, depende da cadeia agroalimentar, e em particular do acesso ao solo, 1,4 bilhão de pessoas. A terra é da natureza, evidentemente, porém tem muitos proprietários que não a produziram e dela se apropriaram. A legitimidade da posse é, em geral, condicionada ao cumprimento da utilidade social, inclusive na nossa Constituição. O futuro da humanidade depende em grande medida de como organizamos o acesso, o uso e a proteção dessa imensa riqueza natural que é o solo agricultável, com a sua riqueza biológica, diversidade climática e disponibilidade de água.
O presente estudo mostra como os 680 milhões de propriedades rurais se distribuem no mundo, e a acelerada progressão do controle do solo por corporações do agro-negócio: 1% das maiores propriedades já controla 70% do solo no mundo, em rápida progressão, enquanto 50% das propriedades menores têm acesso a apenas 3%. O impacto, em termos de redução de biodiversidade, desmatamento, erosão, esgotamento de aquíferos, contaminação química e deslocamento de populações é imenso. Uma dimensão insuficientemente realçada da desigualdade.
O sumário executivo traduzido está disponível no site Outras Palavras