Concilium Civitas: Almanach 2019 /2020
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Concilium Civitas: Almanach 2019 /2020

O evento Concilium Civitas 2019 reuniu eu Varsóvia, nos dias 9 e 10 de julho, professores e pesquisadores de algumas das principais universidades do mundo, para discutir de forma aberta os nossos desafios.
livro almanach
Autor
Jacek Zakowski (Org.)
Tamanho
368 páginas
Editora
Ano
2020
ISBN
978-83-954712-0-9
livro almanach
Autor
Jacek Zakowski (Org.)
Tamanho
368 páginas
Editora
Ano
2020
ISBN
978-83-954712-0-9

O evento Concilium Civitas 2019 reuniu eu Varsóvia, nos dias 9 e 10 de julho, professores e pesquisadores de algumas das principais universidades do mundo, para discutir de forma aberta os nossos desafios. O pano fundo é a situação política, econômica e cultural da Polônia, dominada desde 2015 por um regime populista religioso de direita, que se elegeu não por ter algo concreto a propor, e sim com um discurso messiânico em defesa da família, da pátria, da fé. Enfim, nada que nos seja hoje estranho.

Hoje temos Trump nos Estados Unidos, Brexit na Inglaterra, os absurdos na Turquia, na Hungria, no Brasil, nas Filipinas, na Itália…Não há como não ver que ventos novos estão soprando sobre o que chamávamos de liberalismo democrático. E a preocupação se generaliza. Este é o tema geral para o qual os vinte e poucos participantes escreveram textos curtos e diretos, reunidos no presente livro, publicado impresso em polonês, e online em inglês. Nas discussões, emerge com força a facilidade com a qual a política em geral migra do racional para o emocional.

Na realidade ninguém está hoje satisfeito com as simplificações que há uns tempos ainda eram proclamadas, como o “fim da história” do Fukuyama, ou “There Is No Alternative” de Margareth Thatcher. Estamos precisamente buscando alternativas. Gosto da formulação simples de Wolfgang Streeck, de que não é o fim do capitalismo, mas sim o fim do capitalismo democrático. A política fragmentada em quase 200 nações, enquanto a economia está globalizada, não está funcionando, e nos dirigimos rapidamente para o duplo desastre social e ambiental.

Recomendaria em particular o artigo de Paul Dembinski, de Genebra, que apresenta os dados mais recentes da Organização Internacional do Trabalho sobre o futuro do emprego, e que mostra que no mundo o que predomina não é o emprego propriamente dito, mas a informalidade, envolvendo 61% da força de trabalho global. Jan Zielonka, de Oxford, constata que “as desigualdades se aprofundaram, as corporações evadem o pagamento de impostos, cortam-se os gastos com objetivos sociais”, sugerindo um outro sistema adequado ao mundo digital. Jan Kubik, de Londres, traz uma rica análise dos países do leste europeu, que enfrentam a dupla transição do socialismo para o capitalismo, enquanto o próprio capitalismo se transforma.

Ladislau Dowbor
Jan Zielonka (Oxford), Grzegorz Ekiert (Harvard), e Beata Javorcik (Oxford)

Muito rico e realista o aporte de Elzbieta Korolczuk, de Estocolmo, que coloca no centro do desafio do populismo de direita a desigualdade, a fragilidade da seguridade social, o sentimento de exclusão no que foram regimes liberais e democráticos, mas que não trouxeram respostas para a base da sociedade. Na política a desigualdade gera insegurança, medo e ódio. E canalizar o ódio, encontrar bodes expiatórios, este é o caminho real da extrema direita. Um ótimo artigo de Grzegorz Ekiert, de Harvard, sistematiza os desafios das organizações do terceiro setor, vistas aqui não como um complemento de atividades onde o estado falha, mas como um componente fundamental da organização democrática. Outros textos abordam a importância dos sistemas de governança em diversos níveis (Kisilowski), o papel subreptício de fazer política nas organizações religiosas (Grzymala-Busse), a necessidade de novas regras do jogo (Pakulski), a desorientação frente aos novos sistemas financeiros e assim por diante.

No conjunto, um leque de visões de historiadores, pesquisadores sociais, jornalistas, economistas, buscando cruzar os aportes.  Acho que este olhar “de fora” e interdisciplinar, por parte de pessoas que trazem visões de diversas parte do mundo, ajuda. Os textos são apresentados por ordem alfabética dos autores, assim que recomendaria uma leitura dispersa, em função dos temas, sendo que alguns são muito especificamente centrados na realidade da Polônia. País que, aliás, enfrenta hoje desafios muito semelhantes aos de todos nós. O mundo está se tornando pequeno. O meu texto, Our Common Challenges, ajuda a entender o desafio geral. O lançamento do meu último livro, The Age of Unproductive Capital, gerou muito interesse, sendo objeto de palestra a parte.


Lista de participantes:

Bart Bonikowski (Harvard), Paul H. Dembinski (Fribourg), Ladislau Dowbor (PUC-Sao Paulo), Grzegorz Ekiert (Harvard), Małgorzata Fidelis (Chicago), Marta Figlerowicz (Yale), Jan Grabowski (Ottawa), Jan Tomasz Gross (Princeton), Irena Grudzińska-Gross (Princeton), Anna Grzymała-Busse (Stanford), Anna Gwiazda (London), Krzysztof Jasiewicz (Lexington), Beata Javorcik (Oxford, EBRD), Maciej Kisilowski (Vienna), Elżbieta Korolczuk (Stockholm), Michał Kosiński (Stanford), Michał Krzyżanowski (Örebro, Liverpool), Martin Krygier (Sydney, Canberra), Jan Kubik (Rutgers, UCL), George Mink (Paris), Barbara Misztal (Leicester), Monika Nalepa (Chicago), Jan Pakulski (Hobart), Krzysztof Pomian (Paris), Adam Przeworski (New York), Wojciech Sadurski (Florence, Sydney), Jan Toporowski (London), Nina Witoszek (Oslo), Ania Zalewska (Bath), Jan Zielonka (Oxford).

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