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Empresas e ODS: priorizando as ações sustentáveis de maior retorno econômico, social e ambiental para a humanidade

pedro saad

Tese de doutorado em Administração pela PUC-SP, defendida em 11 de setembro de 2018. Banca composta por Ladislau Dowbor (orientador), Erika Buzo Martins, Valdner Clementino, Myrt Thânia de Souza Cruz e Antonio Vico Mañas.

Todos acompanhamos com crescente preocupação a degradação ambiental do planeta e a explosiva desigualdade. Com as conferências de Paris sobre a mudança climática, de Nova Iorque sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, parecia que haveria uma capacidade de mudança de rumos. A terceira conferência, no entanto, em Addis Abeba, que tratou da dimensão financeira do que agora conhecemos como Agenda 2030, simplesmente não decolou. Entre as boas vontades políticas e declaratórias, e o dinheiro no bolso, há um claro desajuste.

Pedro Saad partiu de uma constatação simples, de que os recursos financeiros significativos estão na mão das corporações, e estas buscam essencialmente maximizar a renta financeira* no curto prazo. O problema central colocado é justamente este: como trazer as corporações para o barco da sustentabilidade. Hoje muitas empresas se deram conta, e ostentam códigos de ética e de responsabilidade ambiental. No entanto, no conjunto ainda predomina o green washing, o faz de conta. Muitas grandes corporações simplesmente ignoram, quando não combatem as exigências ambientais. E temos sim empresas responsáveis que tentam compatibilizar lucro com sustentabilidade.

A questão é central, pois sem a participação efetiva do mundo corporativo, em particular dos gigantes financeiros que hoje dominam o conjunto, iremos para o que já vem sendo chamado de slow-motion catastrophe. A tese de Saad é propositiva, no sentido de ter aproximado os ODS, o Blueprint for Business Leadership e o Copenhagen Consensus para identificar as ações empresariais que poderiam ter os maiores efeitos multiplicadores em termos de retorno social e ambiental sobre o investimento. De certa forma, uma tradução dos ideais mais amplos em iniciativas práticas capazes de aproximar o lucro empresarial e os interesses da sociedade. Uma boa leitura, texto muito bem apresentado, e ótima bibliografia.

*Uso aqui propositalmente o conceito de renta, que constitui rendimentos sobre atividades não produtivas, o que Joseph Stiglitz e outros qualificam como unearned income. Não é mais possível não distinguirmos em português renda e renta, quando em inglês é perfeitamente distinto falar em income ou rent, bem como em francês revenu ou rente.

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