Dos mercadores de Veneza aos especuladores dos hedge funds e dos paraísos fiscais, com a crise financeira atual, traça uma visão muito mais ampla do tradicional conceito de modo de produção que utilizamos na economia. E no centro, este é pelo menos o sentimento que resulta da leitura, o problema da ética, denominador comum de tantas tomadas de posição do autor.
“Há sempre um mínimo de sensibilidade emocional, que comanda a vontade do agente. Em suma, o juízo ético não é feito somente de razão, mas também de indignação e vergonha, de ternura e compaixão.” (19) Esta “releitura” do capitalismo como sistema no sentido amplo, de sistema histórico, se acompanha de referências aos grandes autores, cientistas e outros transformadores que balizaram a nossa evolução nos últimos séculos. Com isto, tantos nomes que estudamos na escola sem entendê-los, adquirem nova dimensão, passam a tomar sentido, e com isto iluminam o nosso futuro.
É uma visão progressista. Tanto no desvendar dos mecanismos do capitalismo realmente existente – a falsa visão de um capitalismo submetido a mecanismos de mercado, o peso dos sistemas especulativos, a apropriação dos processos políticos – como na apresentação de visões propositivas na parte final do trabalho: os desafios ambientais, da reforma tributária, do acesso democrático à informação, dos sistemas de controle popular, dos mecanismos internacionais de concertação.
Já foi declarado o fim da história por uns, ou que não há alternativas. Felizmente, a história continua, e há muitas alternativas.