Dissertação de mestrado na Pós-Graduação em Administração da PUC-SP, defendida em 6 de junho de 2011. Orientador prof. Luciano Junqueira, banca prof. Lamounier Erthal Villela e Ladislau Dowbor.
O trabalho de Antonio Galvez foca um aspecto muito importante do funcionamento das organizações da sociedade civil: o potencial de progresso que representa a atuação em rede local. Em termos práticos, as 20 OSCs de Itatiba estão articuladas na Associação de Entidades Assistenciais, Sociais e Filantrópicas de Itatiba (AEASFI), o que permite uma série de processos interativos e de colaboração.
Um fator que reforça esta tendência, é o fato que todas as OSCs estudadas estão na área amplamente qualificada de “social”: educação, saúde, cultura e semelhantes. Não é simplesmente por inoperância do Estado ou existência de pobres desprovidos de acesso aos serviços sociais básicos. O Estado tem ampla cobertura nacional, mas insuficiente capilaridade comunitária. O setor privado, por sua vez, só busca se vincular aos serviços sociais quando se trata de elites, que podem pagar bem por serviços diferenciados, o que aprofunda a desigualdade e reduz o equilíbrio de chances à partida, gerando maiores dificuldades em vez de contribuir.
Na realidade, à medida que as políticas sociais se tornam mais importantes no conjunto dos processos produtivos, é natural que haja maior presença das OSCs na gestão da sociedade. Como crescem, e estão na mesma área de forma geral, é natural que se articulem entre si, que organizem parcerias com o setor público, proporcionando um movimento amplo e coordenado de desenvolvimento equilibrado.
Nem tudo são rosas, evidentemente: aflora frequentemente a atitude de ver as outras organizações como concorrentes. Mas no conjunto, ver como a articulação das organizações da sociedade civil no território, no lugar onde podem se conhecer e se reunir, melhora a produtividade não só das organizações mas de todos os atores, é muito interessante. Esta dissertação abre uma visão importante.
Nas palavras do autor, “a rede promove o fortalecimento das relações entre as organizações, facilitando o entendimento entre elas, otimizando a comunicação e, consequentemente, o compartilhamento de informações estratégicas, de melhores práticas, de ajuda mútua, o intercâmbio de mão de obra em alguns casos específicos, de treinamento sobre assuntos comuns como gestão, além de fortalecer o grupo na reivindicação coletiva, junto ao poder público, de melhores condições para o atendimento da população local em suas necessidades”. (p. 86)