Velocidade média do trânsito de SP cai para 15 km/h; veja pontos de medição – Folha de S.Paulo – março – 2010
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Velocidade média do trânsito de SP cai para 15 km/h; veja pontos de medição – Folha de S.Paulo – março – 2010

Autor
Ladislau Dowbor
Tamanho
Originalmente publicado
Data

05/03/2010 – 03h01


ALENCAR IZIDORO
EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo


A velocidade média do trânsito na cidade de São Paulo caiu no ano passado. No pico da tarde (17h às 20h), passou de 18 km/h em 2008 para 15 km/h.


Na prática, os veículos têm circulado no rush mais devagar do que um corredor campeão da São Silvestre e num ritmo tão lento que se assemelha ao que uma galinha pode atingir.


Os números de redução da velocidade na capital constam do “Relatório de Atividades Operacionais” da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), concluído em fevereiro.


No pico da manhã (7h às 10h), os veículos circularam a 29,75 km/h na média das principais avenidas da cidade aferidas pela companhia –queda de 4% em relação aos 31 km/h do ano anterior. No pico da tarde, a queda foi de 16%.


Os resultados foram verificados mesmo após medidas mais severas e polêmicas de limitação ao tráfego de veículos em São Paulo de dois anos para cá.


Em 2008, a gestão Gilberto Kassab (DEM) ampliou a restrição aos caminhões e, em 2009, aos ônibus fretados –nesse caso, recebendo críticas pelo risco de migração dos usuários para os carros.


Nos últimos dois anos, também houve a retirada de vagas de estacionamento da via pública em diversos bairros, para melhorar a fluidez do trânsito.


A principal explicação para a queda da velocidade é a expansão da frota. Só no ano passado, a cidade ganhou mais de 335 mil veículos, quase mil por dia. Para amortizar os impactos seria necessário construir uma avenida como a Paulista por semana –solução considerada impossível por especialistas.


Interdições e chuva


A CET defende a eficácia das restrições aos caminhões e aos fretados e relativiza os dados que mostram que os veículos passaram a andar mais devagar.


Ela avalia que a redução da velocidade foi influenciada por fatores como as novas interdições no trânsito (devido às obras do metrô e da marginal Tietê) e a elevação de 20% nas interferências (quebra de carros e caminhões, por exemplo).


Cita também os impactos do “aumento excepcional” no volume de chuva (alta de 42% no índice de precipitação pluviométrica). Essa explicação, aliás, é citada como justificativa para a queda ter sido mais acentuada no pico da tarde.


A CET exalta os resultados de outro parâmetro de avaliação: a quantidade de quilômetros de congestionamentos nos 835 km de vias monitoradas.


Isso significa que, nas medições da CET, a quantidade de ruas e avenidas com trânsito parado nos horários mais críticos diminuiu, embora os motoristas estejam circulando a uma velocidade média mais baixa.


Os cálculos de velocidade são baseados em dez medições diárias, em frente a 27 PACs (Postos Avançados de Campo), dos 31 que existem na cidade (veja abaixo). Ao todo, 18,2 km são monitorados.


A partir do mês que vem, especialistas esperam uma melhoria no trânsito devido a inaugurações de três empreendimentos de grande porte: a alça sul do Rodoanel, a primeira fase da ampliação da marginal Tietê e a linha 4 do metrô.

2 respostas

  1. Boa Tarde!

    Sr. Ladislau Dowbor, estou fazendo uma Monografia com o tema “OS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DAS OBRAS DE MOBILIDADE URBANA DA COPA DO MUNDO SOBRE A CIDADE DE FORTALEZA” gostaria de solicitar algum material sobre o tema mobilidade urbana ou legado da Copa do Mundo nessa área. Vi um reportagem no site da globo onde o sr. afirma:

    Para o economista Ladislau Dowbor, do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, o problema não é a quantidade de carros no país, e sim o modelo criado nas cidades para favorecer o transporte individual. “Há muitíssimos países com uma densidade de automóveis por habitante maior, mas onde se circula normalmente. O problema no Brasil é que, por pressão política das empreiteiras e montadoras, se fez todas as infraestruturas para o automóvel, e não para o transporte coletivo.”

    “O carro usado para a compra no supermercado, para o lazer à noite, não causa grande prejuízo. O absurdo é ter, numa cidade como São Paulo, 6,5 milhões de pessoas indo para o trabalho todo dia, para os mesmos destinos, de carro e na mesma hora”, afirma. Dowbor diz que é preciso mudar a matriz de transporte brasileira. “Precisa tirar o combustível poluente, generalizar o uso da bicicleta, especialmente a elétrica, implantar mais ciclovias, reduzir drasticamente as emissões e os custos para as pessoas. É possível se deslocar em pouco tempo, de maneira barata, com uma opção de transporte ditada pela racionalidade e pela necessidade da população”, pontua.

    E gostaria de usá-la mas preciso de uma referencia bibliografica, já que não quero usar o site.

    Fico no aguardo!!!

    Desde já agradeço a atenção!!!

    GIOVANNI MAMEDE

    1. Giovanni, pegue o volume II do meu A Reprodução Social, capítulo transportes. Está na íntegra no meu site, em livros. Você vai encontrar o equivalente ali. Abraço, Ladislau

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